quinta-feira, novembro 27, 2014

É nóis no Busão, mano

mas só até amanhã. Quase sempre eu vou pro trampo a pé - que se foda, prefiro ir a pé do que ficar esperando no ponto -, mas hoje estava muito sol, não suportei andar e (tô meio traumatizada com a minha bereba causada pelo sol) resolvi ir de busão de novo.

Cheguei no ponto e estava mó auê. O ônibus demora tanto pra passar, mas tanto, que as pessoas viram melhores amigos de infância, de tanto que socializam. Eu cheguei e foi mó alegria:

- Olha, até que enfim apareceu alguém fumando! Acende o cigarro do hómi ali, coitado!

E eu pensando wtf? Tinha um véio sentado no chão e um bando de véia, crianças e etc matracando. Pelo que entendi, o véio estava passando mal e precisava desesperadamente fumar. haahaha até compreendo. Prontamente, emprestei meu Bic pra ele.

Mas não, não era nada disso. Depois, bem depois (fiquei 40 minutos no ponto), descobri que uma véia chegou no ponto e encontrou esse véio desmaiado. Deu um rango pra ele, deu água e ele voltou à vida. Chamaram o Samu (samaram o chamu) e, nesse meio tempo, eu apareci.

O véio fumou, meia hora depois apareceu a ambulância do Chamu (Samu):

Véia - Ah, que bom que vocês vieram! Leva ele pra casa, coitado!
Xamu - Não vamos levar ele pra casa, não, vamos levar pro pronto-socorro!

Povo pensa que ambulância é táxi gratuito, né? Imagina se todo mundo que está na rua, num puta sol, com fome, com sede, com calor, com o que for, resolver samar o Chamu. Porra. Pena que o Orkut acabou, senão eu ia criar uma comunidade chamada (samada) "O Chamu não é Táchi".

Não, sério. Ok, o pobre idoso estava passando mal, mas né pra isso que você, eu e todo mundo (menos o pessoal que vota no PT) pagamos imposto. Pessoal abusa, se descobrem que o Shamu dá carona, ah, fodeu. Nego nunca mais paga um ônibus na vida. Vai tudo querer carona de ambulância. "Ai, tô passando mal, me leva pra casa!".

É complicado.

Enfim. Deu tempo de tudo acontecer ali naquele ponto. Caraca, quando vou a pé levo 35 minutos, mas fiquei 40 minutos esperando o busão - e chego em 12 minutos ao destino.

A véia me contou toda a história do véio caído no chão, depois começou a contar a história dela. E eu só pensando "pqp, deveria ter ido a pé que a esta altura já estava lá e não tinha que socializar". Daí o neto dela, que não aguentava mais esperar no ponto de ônibus (fui embora e ainda ficaram lá, o ônibus que eles iam pegar passa a cada UMA HORA), falou:

neto - Vamos pegar carona, vó?
vó - Tá louco, menino! Ai, ele é muito dado, sabe? Não, Mateus, você não pode ser assim! Senão, quando a gente vê você já foi parar lá nos Estados Unidos.

Não pareceu uma ameaça muito ruim, né? Para quem estava há quase uma hora no ponto, no calor dos infernos, esperando um busão pra Peruíbe, até que ir parar nos Estados Unidos não era má ideia. Daí ela percebeu que a ameaça estava muito pouca e continuou:

vó - Tem gente que rouba criança! Imagine quanto não pagariam por um menino bonito assim que nem você!

E eu só pensando "judiação do menino".

vó - E eles fazem coisas horríveis! Eles vendem você em pedacinhos! Eles tiram seus órgãos, vendem o coração, o fígado, os rins, até a pele! Os ossos, os olhos, tudo!

O menino, judiaçãozinha, foi chegando cada vez mais perto da vó, de medo, fez uma cara de pavor e a abraçou.

eu - Tadinho, para com isso!
vó - Mas a gente tem que falar assim, senão ele vai!

Até entendo, até entendo. Se um dia eu for vó vou ser 200 vezes pior do que essa véia hahahaha. Se já sou apavorada sendo mãe, calculem. Mas que deu pena do menino, deu. E me lembrou o Bisteca, que quando o filho dele era pequeno ele fazia as piores ameaças do Universo:

- Se você não ficar quieto AGORA sabe o que vai acontecer? Vai vir um monstro feio gigante horroroso e vai carregar você e levar você lá pra putaquepariu, e ele vai fazer pedacinhos de você, daí ele vai pegar os pedacinhos e tacar fogo e jogar as cinzas num maremoto e depois vai vir um terremoto imenso e destruir você de novo, daí o mundo inteiro vai explodir e vai morrer sua mãe, seu irmão, eu e todo mundo se você não ficar quieto agora. VAI FICAR QUIETO OU NÃO VAI, PORRA!

Caraca, só me restava rir, porque nem adiantava tentar argumentar que não havia necessidade de tantas ameaças (o menino tinha 4 anos de idade).

Enfim. Loucuras do mundo coletivo.

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